quinta-feira, 18 de junho de 2020

História dos acontecimentos e renascimento da narrativa

O texto coloca em questão o papel da narrativa dos acontecimentos para a escrita da história onde no decorrer dos últimos séculos a importância dos acontecimentos transitaram entre o papel principal e o pano de fundo dos livros de história.

A partir do século XX, os acontecimentos passaram a ter papel secundário na produção historiográfica o que fez com que os historiadores tivessem de reinventar a narrativa. Os historiadores estruturais não podem ignorar por completo a narrativa visto que, o problema não está na narrativa e sim no modelo narrativo usado pelos historiadores que deve ser ampliado para abordar a descrição e sua análise estrutural.

Os historiadores estruturais defendem que a narrativa tradicional passa por cima de aspectos importantes do passado que ela é incapazes de conciliar desde a estrutura econômica e social até às experiências vividas por pessoas comuns. Logo, se faz necessária a aproximação entre a escrita literária e a escrita histórica para atingir o objetivo dos historiadores.

O trabalho do historiador não poderá se resumir a exercícios retóricos que interpretem os textos e não os acontecimentos. O leitor deverá ter a consciência do caráter interpretativo da escrita da história para que os métodos narrativos influenciem a interpretação do leitor na percepção do caráter parcial do trabalho historiográfico.

Peter Burke afirma que o estabelecimento da narrativa deve ultrapassar uma oposição entre os acontecimentos e as estruturas estabelecendo uma relação dialética em que os acontecimentos e estruturas se expliquem mutuamente.

Segue a baixo algumas inovações utilizadas pelos historiadores que visam solucionar alguns problemas que eles vem enfrentando na modernidade:

  1. A possibilidade de tornar as guerras civis e outros conflitos mais inteligíveis, seguindo o modelo romancista que contam histórias a partir de mais de um ponto de vista. Logo esse exercício tem por objetivo estabelecer as diferenças entre os mais variados pontos de vista.

  2. Cada vez mais historiadores passam a perceber que seu trabalho não reproduz o que realmente aconteceu tanto quanto o representa de um ponto de vista particular. Portanto eles precisam nadar com a corrente dos acontecimentos e analisar esses acontecimentos da posição de um observador mais informado combinando os dois métodos para produzir uma aparência de homogeneidade, sem que a narrativa fique de lado.

  3. Um novo tipo de narrativa poderia, melhor que as antigas, fazer frente às demandas dos historiadores estruturais, ao mesmo tempo que apresentam um sentido melhor do fluxo do tempo do que fazem em suas análises.

História Oral

O estudo da história oral até hoje muito discutida e debatida na academia e por seus membros, pois por muito tempo só foi considerado e levado em conta a história escrita dos documentos e fontes oficiais, até com o inicio da nova história que acreditava em outras fontes, a história oral foi esquecida. Tanto que por vários séculos era acreditado que o continente africano ,como exemplo, era um continente a-histórico, pois as tribos que viviam lá não eram alfabetizadas, porém analisando está visão de historia é uma visão de cima, ou seja de quem sabe e de quem tem privilégios como saber ler e escrever.

Assim houve expoentes ao longo da história que escreveram e lutam para incluir a história oral na contemporaneidade, como Jan Vansina*, Paul Thompson entre outros. Também é interessante pontuar mais uma discursão que acontece sobre esse tema, a questão de que há pessoas que até acreditam no poder da história oral, mas como segunda opção, pois se tiver documentos escritos sempre vão dar preferência a tal, contudo o próprio Vansina fala que “a historia oral não é a prima dona da opera que só aparece quando a estrela não pode está presente e sim ela serve para corrigir narrativas como outras narrativas podem corrigir ela”.
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Por ser a escrita por muito acreditados a primeira forma de se comunicar desde as sociedades que viviam nas cavernas, a oralidade foi sendo subjugada, mas o que é esquecido é que houve e há culturas que são totalmente orais e não precisam de alfabetização pra se legitimar como cultura, infelizmente há esse rebaixamento da palavra falada, mas ela é de extrema importância pois ela registra o cotidiano e vários as aspectos e visões da sociedade diversa. Um dos exemplos mais antigos dessa disseminação da cultural pela oralidade é a questão das religiões porque inicialmente era tudo falado, e passado de boca a boca.
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Por isso é necessário essa reflexão sobre a história oral que ela é de extrema importância e devesse aperfeiçoar e crias novas metodologias que de ênfase a ela.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

A nova história, seu passado e seu futuro

A história nova é uma corrente historiográfica nascida nos anos 1970 na França, a partir de novas abordagens e estudos que contaram com a forte influência de Jacques Lê Goff tendo como forte contribuinte a revista dos Annales.
Para Peter Burke, descrever o que é a história nova é uma tarefa árdua para isso ele começa por descrever o que não é história nova, utilizando-se de seis pontos que apontam os contrastes existentes entre a antiga e a nova história.
  1. A história tradicional sempre se preocupou com a história internacional e nacional, deixando de lado a regional. Outro fenômeno a ser considerado é o da política como formadora de história onde segundo o catredático de história Sir John Seeley: “ História é a política passada, política é a história presente”. Em contradição com a história tradicional a história nova considera toda atividade humana como parte da história.
  2. A história tradicional preocupa-se com a produção de uma história factual. Para a história nova o mais importante são as estruturas que permeiam essas transformações e a análise dos mais diversos personagens.
  3. A história tradicional é vista do alto, ou seja, a partir dos grandes políticos, militares e estadistas desconsiderando a história de personagens comuns. Já a história nova preocupa-se com a história vista de baixo, considerando as opiniões de pessoas comuns como parte da história.
  4. A história tradicional utiliza-se de fontes e registros oficiais considerando essas como evidências seguras para a história, utilizando-se também de dados quantitativos atingindo seu ápice por volta dos anos 50 e 60. A história nova nos propõe uma visão que possibilita o uso de outras evidências que possam contribuir para a história como as fontes praia e visuais. Considerando a história antes da escrita.
  5. A história tradicional busca pela verdade ou uma versão exata dos fatos. Já a história nova considera as versões que aproximam da verdade e das que se distanciam ou não da verdade.
  6. A história tradicional utiliza-se da história objetiva, capaz de relatar um fato como ele realmente ocorreu. Para a história nova, existe um relativismo cultural presente nas atividades humanas e própria escrita da história.
O descontentamento com a história tradicional já era evidente há alguns períodos da história. Acredita-se inclusive que a Escola dos Annales foi uma grande contribuinte para essa corrente de forma positiva através da propagação de sua posição. Porém Peter Burke retorna ao tempo por volta de 50 anos a.c onde o historiador grego Políbio denunciou o que pra ele seria um método retórico. O que Burke quer dizer é que os historiadores já tratavam a história de forma tradicional e não havia um confronto direto com a escrita da história naquela época.
Embora a História nova tenha um grande protagonismo nessa nova corrente onde aqueles que sempre tiveram suas vozes silenciadas agora passam a ter papel fundamental para a produção historiográfica é preciso atentar-se também as problemáticas que surgiram com essa nova metodologia. Segue a baixo um curto vídeo de um Slide produzido pela Dr. Susane Rodrigues de Oliveira abordando os principais problemas da história nova.

A micro-história (mais preocupados com a cultura da época)

Giovanni Levi e Carlos Ginzburg foram os pais da micro-história ao contraio da história vista de baixo, o estudo da micro-história está mais interessado em estudar a cultura através de um personagem, porem às duas metodologias se interligam em alguns aspectos.
 Podemos  ver que a micro-história também luta com o mesmo problema positivista trazido pelas elites por ausentar importantes agentes históricos, por serem apenas pessoas “comuns” a micro-história ira mostrar, por exemplo, que dentro do maio de 68 existiu um determinado cidadão que teve importância dentro do processo de desencadeamento desse fato histórico, mostrando como as pessoas se comportaram naquela época tanto no modo social e cultural, outro exemplo é do livro “o queijo e os vermes” de Carlos Ginzburg onde é retratado a vida de Menocchio um camponês que viveu na época da inquisição e através dos fatos narrados podemos ter novos saberes, historiográficos e saber dos hábitos sociais e culturas daquela sociedade local, a exemplo do Menocchio o personagem nos ajudam a trabalhar em uma dimensão micro que seria a vida social e cultural dele e da região que vai se relacionar com a dimensão macro que seria a inquisição vivida por ele. 

Post mais vista:

A história vista de baixo

Tem um vídeo  no blog falando sobre os historiadores do texto a seguir, confira nossa playlist. =)  A história na maioria das vezes é conta...